Em 2013, o congresso nacional aprovou uma lei que retira do Rio de Janeiro grande parte dos royalties e participações especiais recebida pelo estado. O governo do estado, na época, conseguiu uma liminar no Supremo e essa lei não entrou em vigor.

O atual presidente do Supremo havia colocado em pauta a votação sobre a constitucionalidade desta lei para o próximo dia 3 de dezembro. Felizmente, uma mobilização da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, do Governo do Estado, das prefeituras fluminenses – com destaque a de Maricá -, da Sociedade Civil e da mídia localizada em nosso estado levou a que a avaliação dessa lei tenha sido retirada de pauta.

Se a lei for considerada constitucional e passar a vigorar nos termos em que foi votada no Congresso, o Governo do Estado do Rio de Janeiro perde, até 2025, cerca de R$ 57 bilhões de receita e simplesmente quebra.

Até que se compreenda e se encontre uma solução para esse problema social, é fundamental que esta lei não seja posta em votação no STF, mantendo as regras que estão em vigência de repartição dos royalties e participações especiais entre a União, Estados e Municípios.

Um aspecto fundamental a ser compreendido é que o problema fiscal do Governo do Estado do Rio de Janeiro é principalmente de carência de receitas e não de gastos e corrupção (que também existem e devem ser enfrentados).

Apesar do estado ter o 2º PIB e o 3º PIB per capita, entre as unidades federativas, está apenas na 17ª posição em termos de receita pública estadual.

Isto deriva principalmente de três pontos:

  1. a economia do estado do Rio de Janeiro desde os anos 1970, é a unidade da federação que menos cresce, por isso possui pouca base para arrecadação de impostos.
  2. o Rio não pode cobrar ICMS sobre a extração do petróleo, pois, ao contrário de todos os demais produtos, o petróleo é taxado onde ocorre o consumo e não onde ocorre a produção.
  3. existe uma injustiça federativa com o Rio. Em 2019, o governo federal arrecadou no estado do Rio, de acordo com dados do Ministério da Economia, cerca de R$ 174 bilhões e retornou para o estado e seus municípios cerca de R$ 36 bilhões.

É razoável tirar recursos fiscais de um estado que está apenas na 17ª posição em termos de receita pública por habitante?

Além disso, a questão se agrava levando-se em conta que, nos últimos anos, a crise no estado do Rio de Janeiro é muito mais profunda do que no restante do país. Evidência disso, entre janeiro de 2017 e setembro de 2020, enquanto o emprego com carteira assinada no país cresceu 2,1%, no estado do Rio de Janeiro ocorreu uma queda de 9,3%, com perda de 317.588 empregos com carteira assinada, de acordo com dados do Caged/Ministério da Economia. Desde janeiro de 2017, o estado do Rio de Janeiro foi, de longe, a unidade da federação que mais perdeu empregos com carteira assinada, tanto em números absolutos quanto em termos percentuais.

Outro ponto que precisa ser considerado é o fato de que a lei orçamentária de 2020 já prevê, com os recursos atuais de royalties, um déficit de cerca de R$ 20 bilhões para o estado do Rio de Janeiro.